Choque elétrico

Choque elétrico é o reflexo que um ser vivo tem, à passagem de corrente elétrica. Apenas será um choque elétrico se o sistema nervoso central reagir e detetar a passagem de corrente. Esta passagem de corrente poderá não ter nenhuma consequência posterior, porém pode também causar queimaduras, fibrilação cardíaca ou nos casos mais graves a morte.

As consequências diretas variam em função de vários fatores:
  • Maior ou menor diferença de potencial (tensão - Volt).
  • Maior ou menor frequência (Hertz).
  • Maior ou menor corrente (Ampere).
  • Resistência elétrica direta do corpo à corrente que por ele circula.
  • Resistência entre o corpo e o elemento Terra.
  • Suscetibilidade de um corpo a maior ou menor capacidade de circulação de corrente elétrica.

Circulação de corrente pelo corpo.

A tensão utiliza o caminho com menor resistência para o potencial contrário mais elevado. Se esta tensão entrar num corpo vivo circulará para o ponto em que o corpo terá uma diferença de potencial mais elevada fisicamente mais perto e com menor resistência elétrica, ou seja, se um corpo humano tiver a mão esquerda numa tomada de setor e a mão direita no outro pólo a corrente circulará entre as duas mãos (estes tipo de choques são muito comuns nas intervenções técnicas, o técnico tem uma mão no elemento neutro e apanha um choque com a outra). Se, por outro lado, apenas uma mão ficar sujeita a tensão, a eletricidade tende a percorrer todo o corpo para sair na zona de contacto com Terra (chão).

Valores mínimos e que o corpo sente a passagem de corrente

Perigo de choque elétrico

Estes valores podem variar em função do isolamento elétrico físico de cada corpo. Se existe uma utilização de calçado com elementos de elevada resistência elétrica (borracha, madeira). O próprio corpo sofre alterações na sua resistência elétrica em função de variáveis como a alimentação, se está a fazer ou não digestão, se o nível de transpiração é maior ou menor. Estes fatores fazem com que as consequências de um choque elétrico sejam diferentes de caso para caso. Existe no entanto valores standards que podem ser usados como base sobre as consequências de um choque.

Valores abaixo de 50V (corrente alternada) e 120V (corrente contínua) são considerados inofensivos embora possam ser detetados pelos corpos vivos. Estes valores de tensão são designados por EBT(Extra Baixa Tensão). Tensões com valores de 50-1000v (CA) ou 120-1500V(CC) encontram-se na faixa designada por baixa tensão (BT) podem provocar danos graves no corpo e humano e até a morte.
Em Alta Tensão (AT) as consequências de um choque podem ser ainda maiores.

Considerando um choque eléctrico com entrada e saída ao elemento terra

  • Duração do contacto físico entre o corpo
  • Intensidade de corrente a circular pelo corpo
50Hz AC 60Hz Ac Resultado
0,5-1 mA 0,5-3 mA Começa-se a sentir a energia a circular
1-8 mA 3-10 mA Sente-se dor, contração muscular
10-25 mA 10-40 mA Contração muscular, o cerebro tende a querer libertar fisicamente o corpo não reage
25-40 mA 30-75 mA Inicio da paralização do sistema respiratório por asfixia
40-50 mA 100-200 mA Fribilação cardíaca
100 mA 200-500 mA Falhas cardíacas
> 1000 mA > 1500 mA Arcos nos tecidos provocam queimaduras internas e externas
2 A 2 A Danos neurológicos
* Esta tabela deve ser usada como indicativa com valores médios, valores abaixo dos referidos podem causar danos enormes em pessoas com problemas de saúde.
** Em função da massa muscular e se é homem ou mulher o inicio da contração muscular é diferente. O corpo feminino é mais sensível a choques elétricos.

Ao contrário do que é amplamente difundido, não é o valor da tensão que é perigoso mas sim a potência que circula no corpo, todos os técnicos de TV já receberam uma descarga de MAT (+ de 20KV), alguns têm algumas cicatrizes nas mãos, mas a potência total é reduzida, o risco menor.
Um aparelho mais perigoso é o magnetrão dos micro-ondas, aqui sim existe uma potência elevada para além de uma tensão elevada embora a tensão seja inferior ao do transformador de linhas de um televisor.

Utilizar botas de borracha minimiza o risco do choque ?

Sim, a utilização de calçado de borracha impede que um choque atravesse o corpo e vá para a terra, a intensidade do choque é assim menor. No entanto, se outra parte do corpo está em contacto com um potencial negativo (mão na parede, a outra mão no negativo ou terra do aparelho) a intensidade e consequências do choque são idênticas.
esta proteção de botas isolantes não isola tensões elevadas (saídas de alta-tensão de TVS, magnetrão de microondas) não serve por isso como proteção eficaz para todas as tensões e situações.

Cargas elétricas

Alguns dispositivos armazenam energia, (condensadores, baterias), alguns condensadores pela sua capacidade podem produzir choques bastante dolorosos. Também nos tvs é comum ouvir, a TV está desligada mas o fly back está carregado, isto é um erro, a alta tensão está na realidade armazenada entre as duas placas do cinescópio que fazem de armadura de condensador (capacitor) armazenando muito alta tensão.

Choques eléctricos em aparelhos

Até há alguns anos era comum o chassi dos aparelhos serem "vivos", isto significa que o chassi era ligado a um dos polos da entrada de corrente do sector, o isolamento era feito, no caso dos tvs, através de dois condensadores colocados na tomada de antena, o choque na antena era dado sobretudo pelo isolamento deficiente num destes condensadores. Nas fontes de alimentação atuais (comutadas, chaveadas) podem existir falhas neste sector, deixando a fonte passar tensão para o chassi do aparelho.

Que consequências podem ter choques frequentes ?

Os choques elétricos atuam no sistema nervoso e muscular, podem por isso provocar danos irreversíveis, no entanto, existe alguma discussão científica e opiniões contraditórias, alguns setores defendem que um corpo ao receber choques frequentes faz com o cérebro se habitue a reagir não produzindo os danos provocados por choques menos frequentes, há algumas teorias que afirmam que os choques frequentes são benéficos para o sistema cardíaco.

Fontes:
Cutnell, John D., Johnson, Kenneth W. Physics. 4th ed. New York, NY: Wiley, 1998.
Carr, Joseph J. Safety for electronic hobbyists. Popular Electronics. October 1997. as found in Britannica.com
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Zitzewitz, Paul W., Neff, Robert F. Merrill Physics, Principles and Problems. New York: Glencoe McGraw-Hill, 1995.
Watson, George. SCEN 103 Class 12. University of Delaware. March 8, 1999.
Miller, Rex. Industrial Electricity Handbook. Peoria, IL: Chas. A. Bennet, 1993.


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